Estamos todos dormindo na cama compartilhada, que é na verdade uma somatória de colchões compartilhados - resultado da descupinização, que deixou os quartos com cheiro forte, da viagem do pai, das nossas carências, disso tudo.
Os dois estavam agitados, pulando, subindo, pegando, caindo.
Apaga a luz. Deita todo mundo. Shhhh... Todo mundo dormindo. Todo mundo quietinho pra dormir. Chega, gente. Vamos.
Ufa. O neném dormiu.
- Mamãe... posso dormir no seu colo?
Eu abracei e ela chorou de saudade do pai. Dormimos assim, agarradas.
No meio da noite acordei e vi que ela tinha se descoberto. No escuro, na incerteza das formas, eu peguei o edredon pequenino e joguei sobre ela - pelo menos esquenta um pouquinho.
O edredon, de berço, cobriu a Ana. E ele estava virado, sabe? A parte que deveria ficar na horizontal ficou na vertical, mas até que deu pra cobrir a Ana. E eu pensei, como ela é pequenina. Ela, a primogênita, a irmã mais velha, que me ajuda tanto, que vigia o irmão, de quem eu cobro às vezes demais... Ela é pequenina. E dormiu com saudades do pai...
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