Clara está na fase das perguntas e tem uma mãe que mais faz complicar do que responder. Vejamos como nos sairemos nisso.
O que me acontece - e apesar de não me achar certa em nada, também não penso que isso seja errado - é que prefiro deixar que ela tire suas próprias conclusões. Recuso a receita de bolo de verdades prontas que são passadas e repassadas às crianças. E isso dificulta.
- Mamãe, homem não usa batom, né?
- Por quê?
- Porque não usa. Né?
- Mas por que não usa?
- Não sei. Porque acho que é de menina.
- Quem te falou?
- Ninguém.
(mentira. É que se ela fala quem falou, eu falo "pode falar pra 'fulano', 'ciclano', etc, que não é assim, etc, etc, etc". Então anda escorregadia quando eu pergunto "quem?")
- Hum. Bom, homens podem usar batom, se quiserem. Eles também tem boca.
- Tem homem que usa batom?
- Tem. Eu tive um professor que usava batom preto!
- Preto?!
- É.
- O papai não gosta de batom.
- Não. Também tem menina que não gosta de batom. A mamãe não gosta de batom, mas a mamãe é menina. Certo?
- Certo.
- Então, funciona assim: todo mundo pode fazer suas escolhas e assumir as responsabilidades que vem com elas. Entendeu?
- Entendi.
(não é porque ela não sabe o que significa "responsabilidades" que ela não entendeu. Eu acho que entendeu, mesmo)
Teve o drama do ballet, também, recentemente, mas essa é outra história.
Desde que a Clara saiu da nossa bolha - leia-se, foi para a escola - vieram muitas coisas boas. E vieram essas coisas. Mas não tem nada. Enquanto o mundo vai construindo quimeras na cabecinha dela, eu vou ensinando minha pequena a enxergar bem os gigantes - são só moinhos de vento...
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