sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Coisa de Hormônio

Ela chegou atacada, ontem. Já estava atacada desde cedo, coisa de criança que dormiu pouco. Foi pra escola e chorou pra ficar. Chorou na volta - porque esbarrei no pé dela, porque não dei corda por ela ter chorado depois que esbarrei no pé dela, porque sim, porque não, porque.

Normalmente, isso me deixaria possessa. Coisa de mãe louca, mesmo.

Mas ontem... Ontem a humanidade me atingiu, e eu simplesmente fiquei com dó.

Ainda assim, a eduquei - não fiquei cedendo pra cada draminha. Mas tive dó. Ela estava com sono. Cansada. Irritada sem saber porque. Perdendo a chance de brincar com a gente, no fim do dia, porque não estava legal. E aí... poxa, que pena. Tadinha. Eu só queria que ela melhorasse logo.

Dei comida.
Coloquei no quarto escuro.
Ela pediu um desenho.
Ok. Desde que não seja um desenho muito agitado.

E então, de repente, ela estava de pé me mostrando a coreografia do ballet. Me pedindo para mostrar pra ela como se dança no sapateado. Brincando de zumbi - "agora sou eu que vou morder o papai!", "fala assim, ó, 'braaaaaains". E rindo, alto.

Quando tive que sair, achei que seria outro chororô.

- Tchau, mamãe! Péra! Meu beijo!

Beijo estalado na bochecha e eu fechei a porta atrás de mim. Ouvia ela brincando com o pai e o irmão na sala de casa. Eu saí já com saudade, mas no meu rosto tinha um sorriso. Estava feliz, no fundo. Com ela, comigo. Sem briga. Anas 1, Hormônios 0. Vitória do time da casa.

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