quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Cem vezes

Cem postagens neste blog.

Cem vezes eu parei para falar dos meus filhos aqui. Umas 100 mil vezes na vida. Mentira, parei mais de 100 mil vezes.

Cem histórias, desabafos. Achei o número bonito.

E pensei:

Cem vezes eu os teria: meus filhos. Cem vezes maneira de dizer: eu os teria hoje, ontem, amanhã e sempre, incondicionalmente.

Cem vezes eu faria essa escolha, embarcaria nessa viagem - que não tem destino certo, então aproveito a jornada. Intensamente. Loucamente. Aproveitando os momentos espremidos entre a saída do ballet e a janta, entre o fim da sexta e o começo da segunda.

Cem vezes por dia deve ser o número aproximado, se não subestimado, de vezes em que eu digo seus nomes, e os imagino, ou olho pra eles e penso: que prazer, Lucas e Clara. Como são bem-vindos, Lucas e Clara. Como eu os amo.

Vocês me deram novo norte - não porque eu precisava dele, mas porque o escolhi. E me deram cem ou mais novas oportunidades de refletir sobre a vida, corrigir, repensar.

Cem vezes, obrigada.

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Rotina

Ligo pra casa todos os dias buscando notícias: como é, como estão, acordaram, comeram, tomaram banho? etc.

Na hora do almoço, Rafael me ligou. Conversamos, conversamos, ele resolveu chamar Ana Clara.

- Oi, mamãe!
- Oi, filha! Tudo bem?
- Tudo bem! Tô com saudade...!
- Eu também estou com saudade... O que você e o Lucas estão fazendo?
- O Lucas tava chorando, mas aí ele conseguiu dormir e parou, mas ele tomou o mamá antes, aí ele dormiu. Aí ele acordou, e tomou água e ele comeu o papázinho dele, tudo, já, também. Agora ele tá aqui, brincando.

Escutava os gritinhos dele, ao lado dela.

Ontem, no carro, voltando pra casa depois de um começo de semana cheio de boas vibrações, ela me disse:

- Mamãe, conversa com o papai pra você não ir trabalhar amanhã? Nunca mais.
- Mas, filha, isso não depende do papai...
- Mas conversa com ele... Pra você ficar em casa, que eu sinto muita saudade, não quero que você trabalhe, mais. Só o papai trabalha, ele ganha um pouquinho de dinheiro e só. Pronto.

Doeu, sabe?



quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Pingos e letras

Passei toda a semana passada e o final de semana tomando todo cuidado do mundo para não dizer as palavras "segunda-feira Clara não vai à escola, porque vai ter aniversário". Eu não quero que ela coma as tranqueiras, ela nem pode comer as tranqueiras por conta das alergias, então decidi que ela vai ficar em casa para evitar vontades da parte dela e dózinhos de partes alheias (que culminem em "só um pedacinho, pra ela não ficar se sentindo de lado" e uma descarga de alergia, depois).

A professora me avisou sem as palavras "aniversário". "Bolo". "Salgado". Nada disso. Entramos num acordo de entendimento silencioso.

Em casa, eu disse "Clara não vai à aula na segunda". Depois que ela saiu da cozinha, balbuciei sem som "a-ni-ver-sá-ri-o". Sem som, eu juro.

Aí no meio da manhã liguei para casa, precisava avisar a Mirna. Tinha pedido pra Clara avisar a Mirna, também, mas vamos garantir.

- Mirna, hoje Ana Clara não vai à aula, viu?

- Ah, eu sei. Ela pulou da cama e me disse, "hoje não vou à escola, minha mãe falou, porque tem aniversário".

Mas eu não falei isso...oras, bolas.

Nada como ser observadora.

Mais uma vez, preciso ter olho no lance.


segunda-feira, 17 de agosto de 2015

Sobre o darwinismo

Quando cheguei na sala e achei Clara em pé, sozinha, apoiando no sofá, pela primeira vez, tirei uma foto. Essa foto tem data de 25 de agosto de 2012, Clara estava prestes a fazer 10 meses, no dia 31 daquele mês.

Esse final de semana, mais precisamente no dia 15 de agosto, tirei a primeira foto do Lucas em pé, sozinho, apoiando no sofá. Ele fez 08 meses dia 02 deste mês.

Onde ele vai com tanta pressa, não sei.

Se a Clara tem um papel fundamental nisso - de encorajá-lo, de incitá-lo, de convidá-lo a andar atrás dela pra desvendar o mundo -, não tenho dúvidas.

Se isso é questão de adaptação ao meio... Porque a Clara tinha todos os colos por todo o tempo. Porque o Lucas tem que esperar se estamos no meio de alguma outra coisa, e, apesar de passar no preferencial, nem sempre é o primeiro da fila. Porque a mamãe tem que revezar o colo, já que a Cacá também é pequena. Porque não estamos só olhando ele crescer - estamos olhando ele crescer, e olhando a Clara crescer, e arrumando as coisas porque está quase na hora do ballet, e vamos ver se a lancheira está pronta pra escola, e uniforme, e levar o neném pra vacinar, e cozinhar os legumes se não vai faltar papinha... Aí já prefiro não pensar, porque rola uma culpazinha, e ficar em pé sozinho é coisa boa, e não motivo pra gente ficar se cobrando, vai. Só por hoje. =)

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Capitu

A gente vai vendo que o bichinho é cheio de rique-foques e de lero-leros. Que gasta um bom português e é terrível na argumentação. Ainda assim, a gente comete tropeços.

Fazendo um bolinho para a janta.

- Mamãe, posso por mais farinha?
- Não, filha, já tem o suficiente.
- E outro ovo?
- Não, Ana, é um ovo só.
- E esse? (mostra o óleo).
- Também não. Esse é só um fiozinho. Já coloquei.
- ...
- ...
- Então posso amassar?
- Não, Clara, ainda não está no ponto que a mamãe pode deixar você amassar. Daqui a pouco.
- Agora?
- Não.
- Você vai por água? Posso por a água?
- Não, a água é só na hora de enrolar.
- Então posso por mais farinha?

Respirei, contei, juro, mas não deu:
- Ana, filha! Não! Mamãe já falou algumas vezes que não. Vamos adotar assim, resposta padrão, por enquanto: não pode. Combinado? A resposta é não, sempre não, por um tempo.

- ...Mamãe...
- ...eu...
- ...Você já colocou toda a farinha de que precisava?

Mas. Olha isso.

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Devia

"Paçoca" devia mesmo chamar "paraçopa", como a Aninha diz, e quando a gente fosse falar no diminutivo ficava "paraçopinha".

E "bisnaguinha" devia mesmo ser "bisganinha".

E "purpurina" devia ser "fuufulina".

Devia.



Adendo em 13/08:

E água "flutuada" é muito mais legal que água filtrada. Mas muito.