Eu nunca entendi a necessidade que minha mãe sempre teve, e beirava a patologia, de me manter dentro de uma bolha.
"Não vai hoje na escola, não, está chovendo".
"Muito frio".
"Ontem à noite, você estava quentinha, fica em casa".
"Aniversário de quem? Acho que não".
"Na rua? Nem pensar".
"Olha o sereno!".
Eu nunca entendi é maneira de dizer. Agora eu entendo, perfeitamente.
Acordo de madrugada e penso, "virou o tempo, deve ter um monte de criança gripada. Acho que vou deixar ela em casa".
Vejo as crianças brincando, correndo, e me pego pensando "será que não é muito esforço? Vou lá buscar ela pra beber água, pelo menos para um pouquinho...".
Vamos ter que sair nesse tempo? Tome aqui o casaco, veste a touquinha, deixa ver essa meia... Por via das dúvidas, vamos colocar uma calça mais grossa.
Proteger os filhos é a tarefa mais instintiva da mãe. Tenho medo de ficar como o Marlin - se você não deixa nada acontecer ao Nemo, nada acontece ao Nemo. Mas assumo que tenho desenvolvido uma leve neurose superprotetora recentemente, e tentar domá-la é parte constante dos meus dias.
Nem sempre consigo domar esse instinto muito bem, sabe. Percebo isso nas respostas e trejeitos da Clara.
Liguei pra casa:
- Oi, filha!
E ela, muito pronta:
- Oi, mamãe! Tá tudo bem.
Não me deu nem tempo de perguntar... Mas, que bom, graças a Deus, a pressa dela foi pra dizer que está tudo bem...
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