domingo, 5 de abril de 2015

Passagem

Na Páscoa passada eu acabava de descobrir que esperava um bebê. Um novo bebê, depois de um aborto espontâneo que me chacoalhou inteira. Ele estava vindo.

Nesse tempo de transformação, eu me tornava mãe de dois. Não sabia, mas era já a mãe do Lucas. Passava a integrar um núcleo familiar com quatro membros. A população masculina da casa entrava em pé de igualdade com a feminina - se contar o Hórus, eles tem vantagem...

Na Páscoa passada, recebia a promessa da boa nova que hoje habita meus braços. Nesta Páscoa, agradeço. E renovo minhas esperanças, renovo meu coração, pedindo em silêncio que meus anseios se acalmem, que meus medos não me ceguem, que minhas tristezas se afastem, e nada fique no caminho de perceber o quanto sou completa com a família que escolhi. Como é fácil, na correria dos dias, esquecer. Como é fácil entornar o caldo e implantar o caos - porque um não para de chorar de cólica, porque uma fez birra, porque os hormônios me azedaram. Mas como é importante contornar tudo e ver. Ver o que e quem eles são: o sonho que eu sonhei desde menina. A vida que chegou. E em tempo de Páscoa, abrir espaço no coração para que eles continuem a me transformar...

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