Todo mundo tem essa coisa de "ah, que pena que cresce". Oras. Que bom que crescem. Que bom que a gente os conhece e aprende com eles, e eles passam a nos corrigir. Sim, criancinhas são graciosas. Mas eu descobri, com muito custo, aliás, que eu gosto dos seres humanos. Na íntegra.
Indo à papelaria com Ana Clara, fiz o que tenho tentado fazer tantas vezes nessa gravidez. Conscientizá-la. Mamãe tem um barrigão, por enquanto, mas em breve teremos um bebê em casa.
- Já pensou? Logo, logo, o Lucas vai sair da barriga da mamãe e a gente vai ter um neném na nossa casa...
- Um bebê!
- É, um bebê.
- Mas mamãe... eu não quero ele grande. Quero ele pequenininho.
- Ana, ele vai crescer. Como você.
- Mas, mãe... eu quero dar mamá... e trocar fralda! Fazer dormir...
- Nós vamos fazer isso, filha, bastante tempo. E ele vai crescendo, pra brincar com você...
Fez um biquinho.
- Mas, olha... Não importa o quanto vocês dois cresçam, você sempre será a irmã mais velha. Ele sempre será seu irmãozinho mais novo.
O olhinho brilhou:
- Eu? Irmã mais velha?
- Você, Ana. Minha primogênita. E o Lucas meu caçula.
E com o sorriso do olhar dela, nós três fomos andando, no sol de Outubro, curtindo a nossa manhã de primavera. Eu, a primogênita e o caçula.
terça-feira, 28 de outubro de 2014
domingo, 12 de outubro de 2014
Só começando
Ela virou na cama, eu aproveitei e dei um beijo:
- Bom dia, princesa! Feliz Dia das Crianças!
E ela, sorrindo largo:
- Bom dia, mamãe... Pra você também!
Ganhei feliz dia das crianças, hoje. ;)
- Bom dia, princesa! Feliz Dia das Crianças!
E ela, sorrindo largo:
- Bom dia, mamãe... Pra você também!
Ganhei feliz dia das crianças, hoje. ;)
quinta-feira, 9 de outubro de 2014
O Zelo
No vigésimo mês de gravidez - não, não me enganei. Vocês do lado de fora contam nove, mas toda mulher grávida sabe que são uns 24 meses, inquestionavelmente. Continuando, no vigésimo mês de gravidez, da segunda gravidez, a gente às vezes esquece o quanto é importante o carinho. O mimo. Nessa onda de supermulheres, na minha onda de "eu vou dar conta de tudo, sim, senhores!", esqueço o quanto eu queria um colo, um afago, um dengo.
Até o Rafael chegar em casa com flores e eu sentir os olhos marejarem.
Até a Clara esticar a mão para segurar a minha, durante o ultrassom, e perguntar na perspicácia que só os mais inocentes tem - "tá tudo bem, mamãe?". Na minha ignorância, penso que ela percebeu o quanto eu me sinto aflita nesses exames, o tamanho da minha expectativa, a ansiedade para ouvir do atendente "está tudo ótimo com vocês dois, fique tranquila".
Até que a Mah venha fazer pilates e me pergunte "o que você precisa, uma massagem?". Eu não sabia, mas precisa de uma massagem. E cortar as unhas dos pés, porque o corpo não dobra mais daquele jeito. E falar bobagens e coisas certas, e deixar o tempo passar sem pressa.
Eu precisava de carinho e nem sabia. É carinho também, mas acho mais que é zelo. É ver que os outros estão me olhando e realmente me vendo. E como a gravidez deixa a gente carente nesse sentido...
E no meio de todas as sombras e incertezas e medos que eu tenho... Clara levanta de noite e vem se aconchegar do meu lado. "Sabe, mãe, eu precisava do Zé...". Zé, o meu travesseiro de estimação. O meu travesseiro de estimação que Ana Clara quer que seja dela, e me dá uns arrepios de pensar que talvez o Lucas também queira - e é muita gente na ambição de ter um travesseiro só. Estiquei pra ela o travesseiro, e ela se aconchegando nele suspirou, "obrigada, mamãe". E eu sorri. Se consegui ensinar Ana Clara que ela tem que agradecer a esticadas de travesseiros, sonolenta, no meio da madrugada, posso fazer isso de novo. Vamos fazer tudo dar certo.
Até o Rafael chegar em casa com flores e eu sentir os olhos marejarem.
Até a Clara esticar a mão para segurar a minha, durante o ultrassom, e perguntar na perspicácia que só os mais inocentes tem - "tá tudo bem, mamãe?". Na minha ignorância, penso que ela percebeu o quanto eu me sinto aflita nesses exames, o tamanho da minha expectativa, a ansiedade para ouvir do atendente "está tudo ótimo com vocês dois, fique tranquila".
Até que a Mah venha fazer pilates e me pergunte "o que você precisa, uma massagem?". Eu não sabia, mas precisa de uma massagem. E cortar as unhas dos pés, porque o corpo não dobra mais daquele jeito. E falar bobagens e coisas certas, e deixar o tempo passar sem pressa.
Eu precisava de carinho e nem sabia. É carinho também, mas acho mais que é zelo. É ver que os outros estão me olhando e realmente me vendo. E como a gravidez deixa a gente carente nesse sentido...
E no meio de todas as sombras e incertezas e medos que eu tenho... Clara levanta de noite e vem se aconchegar do meu lado. "Sabe, mãe, eu precisava do Zé...". Zé, o meu travesseiro de estimação. O meu travesseiro de estimação que Ana Clara quer que seja dela, e me dá uns arrepios de pensar que talvez o Lucas também queira - e é muita gente na ambição de ter um travesseiro só. Estiquei pra ela o travesseiro, e ela se aconchegando nele suspirou, "obrigada, mamãe". E eu sorri. Se consegui ensinar Ana Clara que ela tem que agradecer a esticadas de travesseiros, sonolenta, no meio da madrugada, posso fazer isso de novo. Vamos fazer tudo dar certo.
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